De repente, seu cheiro penetra no ar circundante de forma tão intensa que posso senti-lo entrar por minhas narinas. E meu peito dispara e incha e é tomado por um líquido quente, venenoso, dilacerante... nostalgia. E então seu rosto toca no meu e sua barba mal feita me arranha, me tortura, me marca. E sua pele consegue ser tão macia a ponto de me deixar carnívora, sedenta por seu corpo, faminta por sua alma. E sua língua constroi e derruba labirintos dentro de mim, enquanto suas mãos me forçam a dançar um ritmo inédito. E seus lábios e sua boca arrancam pedaços de mim, e eu sangro com prazer. E sua respiração rouba o meu ar e nosso calor me faz derreter, me transformando em lava. E meu seio palpita esperando por ti. E meu sangue jorra para te satisfazer. E meu mundo se desfaz, só resta você. E você me dissipa, me desconstroi e me modela só para o seu prazer. E eu me desfaço, eu me mato. E você me mata na loucura dos nossos beijos, no precipício infinito dessa paixão. E vamos seguindo cada vez mais fundo, de olhos fechados, nessa escuridão.